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"Force Free" Vs. Reforço Positivo

Nos dias que correm, alguns conceitos no treino de cães, passaram a ser um chamariz de marketing para atrair e conquistar novos clientes. Um desses conceitos, é o treino baseado em “Reforço Positivo”, que visa uma metodologia de trabalho “supostamente” amável para os cães. Mas será que é mesmo assim? Deixe-me explicar-lhe!



É de conhecimento geral, que o mercado em torno do treino de cães, é cada vez mais “pet friendly”, e existe uma tendência cada vez maior, em procurar serviços nos quais o bem estar dos cães esteja garantido. As técnicas de “Reforço Positivo” parecem assentar neste princípio.


O que é que entendemos por técnicas de “Reforço Positivo”? De um forma simples, são técnicas de treino, nas quais incentivamos os cães, a repetirem determinados comportamentos, porque existem consequências positivas associadas. Por exemplo, quando pedimos um senta ao cão, e ele executa o comportamento, ele é reforçado com um “petisco”. Esta consequência vai fazer com que ele tenha motivação para voltar a repetir o comportamento, quando assim o solicitarmos.


Se observarmos as metodologias de trabalho dos Profissionais que nos rodeiam, diria que 99.99% dos mesmos, usam técnicas de reforço positivo em algum momento do treino. Em pleno séc. XXI, duvido que exista alguém, que não recorra a brinquedos ou comida, durante um treino ou uma modificação comportamental de um cão!


Se pensarmos assim, podemos concluir que 99.99% dos Profissionais, são “Pet Friendly” e usam técnicas de treino que não corrompem o bem estar dos cães? Pois! Seria bom, mas não corresponde à verdade! É precisamente esta falácia que pretendo descodificar com este artigo, de modo a que quem procure uma metodologia “force free”, não compre “Gato por Lebre”!


Que fique claro que não é por um Treinador usar esporadicamente “Reforços Positivos”, que possamos classificá-lo como um Treinador “Force Free”. Existe a possibilidade destes Profissionais passarem 10% do treino a premiar um cão, e os outros 90% do treino a usar metodologias mais aversivas. Podemos criar uma imagem virtual, e imaginar um Treinador que tem na mão esquerda “petiscos” e na mão direita um comando, para controlar remotamente uma coleira de choques.


O que são técnicas “Force Free”?


São técnicas de trabalho que vão muito para além do simples reforço positivo. Um Profissional que use técnicas “Force Free”, é um Profissional que procura evitar criar medo, dor, desconforto e intimidação, para com o cão que está a trabalhar. É um Profissional que procura garantir que o bem estar físico e emocional do cão está assegurado. Regra geral, é um Profissional que se preocupa com a saúde e a parte emocional do cão, e não apenas com a parte comportamental.

Esta é a ideologia de quem aplica metodologias de treino “Force Free”.


Claro que por vezes, como não temos controlo absoluto sobre o meio ambiente, e se nos deparamos com uma situação alarmante (por exemplo, um cão que vem solto na nossa direção), é obvio que inconscientemente vamos tentar tirar o nosso cão da situação, e provavelmente vamos exercer alguma pressão extra na coleira, e aí “supostamente” deixamos de ser “Force Free”. Portanto, para os mais céticos, concordo que é impossível garantir o “Force Free” a 100%, mas não deixa de ser a intenção de quem apoia e pratica esta metodologia. Tendo em conta que somos uma espécie imperfeita, lidamos com cães imperfeitos e vivemos num mundo imperfeito, os nossos actos e acções serão sempre imperfeitos, apesar da nossa constante intenção em alcançar a perfeição.

Resumindo e concluindo, o meu foco com esta publicação, não é descredibilizar metodologias de trabalho diferentes, das que uso, mas sim, dar uma visão completa e minuciosa a um possível Tutor, que procure realmente um Profissional “Force Free”.

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