Enquanto tutores de cães, todos nós deveríamos aprender, a observar e perceber os sinais comunicacionais que os nossos cães apresentam no dia-a-dia. Esta capacidade de observação e compreensão, permite-nos respeitar o cão e prevenir que problemas sérios desencadeiem.
Quando analisamos um cão que exibe comportamentos agressivos, facilmente conseguimos detetar sinais audíveis e visíveis, tais como, ladrares, rosnados, investidas, perseguições e mordidas. No entanto, antes destes comportamentos serem exibidos, os cães apresentam pequenos sinais de stress, que demonstram que estão desconfortáveis nesse determinado contexto. Identificar estes pequenos sinais de stress, permite-nos interferir e antecipar que a situação escale para níveis problemáticos de agressividade. De seguida vou apresentar os sinais aos quais deve prestar especial atenção, pois podem ser indicativo que o seu cão não está confortável num determinado contexto. Lembre-se que os cães demonstram sinais de stress assim que se sentem desconfortáveis e ameaçados, isto é, assim que avistam, ouvem ou sentem, um estímulo problemático (na perspetiva deles). Nestes cenários, começam logo a apresentar pequenos sinais de stress e à medida que o estímulo problemático se aproxima ou o cão se sinta mais ameaçado os sinais tendem a escalar para sinais mais óbvios de que o cão está prestes a agir agressivamente. Os sinais que vou apresentar estão ordenados de forma ascendente, ou seja, stress remoto para stress iminente = comportamentos agressivos:
Cheirar o chão
Bocejar
Sacudir-se
Espreguiçar-se
Espontânea investigação à própria zona genital
Coçar-se
Piscar os olhos consecutivamente
Lamber os lábios
Levantar a pata
Falta de concentração
Ignora reforços (comida, brinquedos...)
Desviar o olhar do estímulo
Movimentar-se de forma muito lenta
Orelhas caídas para trás
Movimentar-se com uma postura corporal mais baixa
Cauda entre as pernas
Procurar distância ao estímulo
Patas suadas
Sobrancelhas franzidas
Pupilas dilatadas
Ereção do pénis
Músculos corporais tensos
Pelo eriçado
“Olho de baleia” (ver-se o branco dos olhos)
Vocalizações agudas (choros)
Aceleração cardíaca e respiração ofegante
Bater os dentes
Peso corporal nas patas da frente
Cauda fixa e levantada
Fixar-se num estímulo de boca fechada
Ficar imóvel por uns segundos
Reatividade excessiva
Dentes cerrados e visíveis
Salivar-se e espumar-se
Todos estes sinais podem indicar que o seu cão está sob stress, mas devem ser analisados e adaptados ao contexto em si, e não serem interpretados de forma individual e generalizada. Um cão que acabou de acordar, vai espreguiçar-se. Um cão que acabou de sair da água, vai sacudir-se. Um cão que acabou de fazer uma caminhada de 2h pode salivar-se e estar com uma aceleração cardíaca. Nestes casos, os sinais em si não são sinónimo de stress, mas sim respostas fisiológicas enquadradas ao contexto. Quando os cães apresentam sinais de stress, o que realmente acontece, são descargas de adrenalina que acionam níveis elevados de cortisol. O stress está erradamente associado exclusivamente a estados emocionais negativos, mas fique sabendo que estados emocionais positivos também podem gerar stress no cão. Se o seu cão estiver uns dias sem o ver, quando o reencontro acontecer, a excitação por parte do seu cão será de tal forma intensa que vai poder ver alguns dos sinais de stress acima descritos, isto porque, a excitação gera grandes fluxos de adrenalina, esta adrenalina gera cortisol, e fruto deste processo temos um cão stressado. Por outro lado, quando temos um cão que se sente ameaçado, desconfortável e com medo num determinado contexto, o que esse cão pretende transmitir através dos sinais de stress é, “deixa-me em paz, quero manter-me afastado de ti”! Sendo assim, quando estiver perto de um cão com medo, e ele começar a apresentar alguns dos sinais acima descritos, respeite-o e afaste-se calmamente, desta forma evitará que a situação fique descontrolada e problemática!
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