Desde que enveredei nesta área do treino de cães, sempre tive um enorme interesse por problemas comportamentais mais sérios. Problemas como agressividade, reatividade, ansiedade por separação, entre outros, são problemas pelos quais sou contactado no dia-a-dia. Na maioria destes contactos uma das primeiras perguntas que me é colocada por parte dos clientes é: “Quantas sessões serão necessárias para resolver o problema do meu cão?”
É uma pergunta que faz todo sentido tendo em conta que existem questões financeiras por trás, mas dar uma resposta objetiva e concreta a esta pergunta é pouco profissional e pode criar falsas expectativas ao cliente. É impossível estipular um número de sessões exatas, sem conhecer o cão, sem avaliar todo contexto em que os comportamentos problemáticos são acionados, sem saber como o cão vai responder ao protocolo inicial, sem saber qual a dedicação e disponibilidade que os clientes vão aplicar no protocolo.... ou seja, existem muitos fatores que vão influenciar o processo de treino e a respetiva evolução do cão. Uma coisa é certa, não há milagres nem poções mágicas na resolução de problemas comportamentais.
Muitas vezes, os tutores que contactam um treinador ou um especialista em comportamento, têm a ideia de que o treinador, por si só, vai assumir toda responsabilidade e resolver o problema. Mas isto não corresponde à verdade! Sem dúvida que o treinador, fruto dos seus conhecimentos e experiência, vai ter uma influência direta em todo processo, mas a participação ativa do tutor é crucial e fundamental para atingir os objetivos pretendidos. O empenho, a disponibilidade e o tempo dedicado ao treino são a chave do sucesso. Tendo em conta o mencionado anteriormente, temos que ter em consideração que o treinador vai passar entre uma a três horas por semana com o cão, enquanto que o tutor tem a possibilidade e o dever de dedicar várias horas ao treino, e aplicar o plano estipulado pelo treinador. Dependendo do grau da situação, uma modificação comportamental pode levar semanas, meses ou até anos, no entanto, quanto mais motivados e empenhados estiverem os tutores, mais rapidamente serão atingidos os objetivos estipulados. Sempre que procuramos soluções para problemas deparamo-nos com estas obrigações. Por exemplo, as pessoas recorrem ao nutricionista com a finalidade de perder peso, mas se não seguirem o plano alimentar e as recomendações do Dr., não existirão diferenças na balança. O paciente tem de acionar o espirito de sacrifício, confiar no Dr. e dedicar-se a 100% nos conselhos recebidos. Nestes casos, a perda de peso é obtida por mérito do paciente. O reconhecimento do Dr. estará sempre dependente da colaboração do cliente.
A magia não resolve problemas! A dedicação, a paciência e a força de vontade, são a solução para alcançar os resultados desejados.
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