Dentro da temática dos cães, este é provavelmente o assunto que mais divide a opinião pública. Por um lado, temos aqueles que consideram determinadas raças de cães, como potencialmente perigosas, e por outro lado, temos os que defendem que o temperamento agressivo nos cães não deve estar associado a nenhuma raça específica.
Na última edição da SPARCS, esta matéria teve um grande ênfase e o Dr. James Serpell apresentou vários estudos que comprovam que considerar determinadas raças como potencialmente perigosas, não tem qualquer fundamento científico. Foi ainda comprovado que a sociabilização influência 70% do temperamento de um cão, enquanto que a genética, tem apenas uma influência de 30%, ou seja, a educação e as vivências experienciadas pelo cão vão ter um impacto, no temperamento, muito superior àquele que a componente hereditária transmite. Sendo assim, podemos afirmar que a genética é mais influenciada do que influência.
A opinião acerca das raças potencialmente perigosas, também difere de país para país, o que mais uma vez comprova, que as legislações em torna deste assunto não assentam em bases científicas, e é por isso que, por exemplo, temos raças como o Serra da Estrela e o Rafeiro do Alentejo, que são consideradas raças potencialmente perigosas na Itália e não o são em Portugal.
Sempre que me questionam se existem raças potencialmente perigosas, a minha resposta é Não! Mas quando me questionam se existem cães potencialmente perigosos, a minha resposta é Sim! Qualquer cão, independente da raça e do porte, pode tornar-se um cão perigoso se não tiver uma educação e uma sociabilização adequada.
Atualmente existem milhares de cães, inseridos nas raças potencialmente perigosas, a desempenharem funções de cães terapêuticos da mesma forma que existem milhares de cães, não inseridos neste grupo dos potencialmente perigosos a apresentarem comportamentos agressivos. O que é que todos eles tem em comum? São cães! O que é que os diferencia? O aspeto físico, a sociabilização e a educação! A raça é irrelevante!
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